O desgaste dos travões nos elétricos também afeta pastilhas e discos?
A crescente popularidade dos carros elétricos tem levantado muitas dúvidas sobre a manutenção destes veículos. Uma das perguntas mais comuns nos nossos clientes é: “O desgaste dos travões nos elétricos também afeta pastilhas e discos?” Afinal, com sistemas de travagem regenerativa tão avançados, será que os travões tradicionais ainda sofrem desgaste? A resposta é sim, mas com algumas particularidades que vamos explorar neste artigo.

O que é a travagem regenerativa?
Antes de mais, importa perceber como funcionam os travões num veículo elétrico. Para além do sistema de travagem convencional (com discos e pastilhas), os elétricos contam com a chamada travagem regenerativa. Este sistema utiliza o motor elétrico como gerador, aproveitando a energia da desaceleração para recarregar a bateria.
Na prática, sempre que você levanta o pé do acelerador, o carro começa a travar suavemente sem que seja necessário carregar no pedal do travão — e essa energia é devolvida à bateria.
Então os travões "normais" não são usados?
É verdade que nos veículos elétricos (e também nos híbridos), o sistema de travagem regenerativa reduz significativamente o uso dos travões convencionais. No entanto, isso não significa que deixam de ser usados. Em situações de travagem mais brusca, de emergência, ou quando a travagem regenerativa não é suficiente, entram em ação os travões tradicionais com discos e pastilhas.
Além disso, em algumas marcas e modelos, a travagem regenerativa pode variar de intensidade ou até estar desativada em certos modos de condução, o que leva a um uso mais frequente dos travões convencionais.
Pastilhas e discos: menos desgaste, mas não zero
A boa notícia é que, graças à regeneração, o desgaste das pastilhas e discos é bastante reduzido. Estudos indicam que, em média, um carro elétrico pode prolongar a vida útil destes componentes em até 50% comparado com um veículo com motor a combustão. Isso significa menos substituições ao longo do tempo.
Contudo, é essencial sublinhar que o desgaste continua a existir. Fatores como o estilo de condução, o tipo de estrada, o clima e até a carga do veículo influenciam diretamente a durabilidade dos travões.
Desgaste invisível: a ferrugem nos discos
Um problema curioso — e até mais comum nos elétricos — é a ferrugem nos discos de travão. Como o sistema regenerativo reduz o uso dos travões convencionais, os discos tendem a ficar mais tempo parados e sujeitos à humidade. Isso pode levar à formação de ferrugem superficial que, se não for removida com uso regular, acaba por comprometer o desempenho da travagem e acelerar o desgaste.
A importância da manutenção regular
Apesar do menor desgaste, os travões dos veículos elétricos não estão isentos de manutenção. É fundamental:
Verificar regularmente o estado das pastilhas e discos;
Certificar-se de que o sistema de travagem está limpo e a funcionar corretamente;
Pedir a um profissional qualificado que avalie a eficácia do sistema regenerativo;
Evitar deixar o carro imobilizado por longos períodos, especialmente em locais húmidos.
Muitos condutores de elétricos sentem uma falsa sensação de “zero manutenção” — o que pode ser perigoso. Os travões são componentes críticos de segurança e devem ser inspecionados periodicamente, mesmo que aparentemente não estejam a ser usados com frequência.
Travagem regenerativa e condução eficiente
Para tirar o melhor partido do seu carro elétrico e ainda preservar os travões, vale a pena adoptar uma condução mais suave e previsível:
Antecipe as paragens;
Use o modo “One Pedal” quando disponível;
Evite travagens bruscas;
Aproveite o declive das estradas para regenerar energia com segurança.
Estes hábitos não só ajudam a conservar as pastilhas e discos como também aumentam a autonomia da bateria.
Como saber quando trocar os travões?
Tal como num carro convencional, existem sinais de alerta que indicam que está na altura de substituir pastilhas ou discos:
Ruídos metálicos ao travar;
Vibrações no pedal de travão;
Luz de aviso no painel;
Redução na eficácia da travagem.
Se notar algum destes sintomas, o melhor é dirigir-se à sua oficina de confiança para uma avaliação. A boa notícia é que, sendo um componente mais durável nos elétricos, muitas vezes a substituição pode esperar mais do que num carro a combustão — mas não deve ser adiada indefinidamente.
Conclusão: travões nos elétricos — sim, também se desgastam!
É um facto: as pastilhas e discos também se desgastam nos carros elétricos, embora a um ritmo mais lento. O sistema de travagem regenerativa ajuda a poupar, tanto em manutenção como em consumo energético. Mas isso não deve ser motivo para negligenciar a segurança.
Manutenção preventiva, inspeções regulares e uma condução eficiente são as chaves para prolongar a vida útil dos travões e garantir uma condução segura.