Novo gás do ar condicionado
Se é proprietário de um carro recente e já teve necessidade de recarregar o ar condicionado, deve ter ouvido falar num novo gás: o R-1234yf. Neste artigo, explicamos-lhe tudo o que precisa saber sobre esta nova substância!
Circuito frigorífico do ar condicionado automóvel
O sistema de ar condicionado dos veículos funciona com o mesmo princípio dos frigoríficos das nossas casas: um fluido refrigerante (normalmente chamado de “gás”), percorre um circuito fechado, efetuando alguns processos termodinâmicos que permitem retirar calor de dentro de um compartimento (no caso dos automóveis, o compartimento a arrefecer é o habitáculo).

O fluido refrigerante vai absorver calor do evaporador, que se encontra em contacto com o ar quente do habitáculo. O calor absorvido é depois libertado no exterior do habitáculo, num componente localizado na frente do veículo, o condensador (mais conhecido na gíria por “radiador do ar condicionado”).
O fluido refrigerante torna-se assim um transportador de calor, pelo que deve possuir as características técnicas que permitem absorver calor com a maior eficácia.
Nas últimas décadas, a indústria da refrigeração tem utilizado fluidos refrigerantes bastante eficazes na sua função, no entanto com um ponto bastante negativo: são Gases Fluorados com Efeito de Estufa (GFEE), pelo que a sua libertação para a Atmosfera aumenta o conhecido efeito de Aquecimento Global.
Potencial de Aquecimento Global
Por forma a reduzir a pegada ecológica deixada por estes fluidos refrigerantes, a Comissão Europeia tem desenvolvido uma série de regulamentos que visam a restrição à colocação no mercado de aparelhos e equipamentos com elevado Potencial de Aquecimento Global (PAG).
Alvo destas restrições, estão os sistemas de Ar Condicionado dos veículos a motor que. desde 2017, deixaram de poder equipar com um fluido cujo PAG seja superior a 150. Para ter uma ideia, o PAG do fluido mais utilizado até agora, o R-134a (ou HFC 134a), é de 1430. Este valor significa que, ao libertarmos um kilograma de R134a para a Atmosfera, é o equivalente a libertar 1430kg de dióxido de carbono! Uns milhares de quilómetros percorridos a gasolina ou gasóleo…

A resposta da indústria automóvel a esta restrição foi o desenvolvimento de uma substância mais ecológica: 0 R-1234yf. Este fluido, da classe das hidro fluor olefinas (HFO), tem um PAG de apenas 4, ou seja, um kilograma libertado equivale a 4kg de dióxido de carbono, uma redução significativa quando comparado com o R-134a.
É claro que a indústria se faz valer pelos custos de desenvolvimento, e este produto é hoje cerca de oito vezes mais caro que o R-134a…
O gás do ar condicionado é um consumível?
Mas afinal se o circuito de ar condicionado é fechado, como pode o gás ser libertado para a Atmosfera?
O fluido refrigerante do ar condicionado não é um consumível e não se gasta com a utilização do sistema. No entanto, existe a possibilidade de fugas para a Atmosfera.
Existem essencialmente três momentos em que o fluido refrigerante pode “escapar” do circuito:
- Em caso de acidente, em que possa existir a rotura de um tubo ou componente do circuito de ar condicionado. Neste caso, estamos a falar de uma fuga de cerca de 500/600gr para a Atmosfera (a média de carga atual para um veículo ligeiro);
- Ao contrário de um frigorífico, o circuito frigorífico de um veículo não é hermeticamente fechado, ou seja, as uniões dos tubos aos componentes não garantem que não possam existir micro fugas com o passar do tempo. Estas micro fugas levam a uma perda, em muitos casos, da totalidade do fluido, deixando o circuito de ar condicionado inoperacional;
- Durante o manuseamento do fluido refrigerante, aquando da manutenção do sistema em oficina. Para mitigar esta possibilidade, apenas técnicos certificados podem fazer a intervenção no sistema de ar condicionado do seu veículo.

Quando devo carregar o ar condicionado do meu carro?
Embora não haja uma periodicidade definida pelos fabricantes, aconselhamos a pedir um check up ao sistema de ar condicionado do seu carro a cada dois anos.
Neste período, é expectável que parte da carga de fluido refrigerante possa desaparecer devido a micro fugas, deixando o circuito sujeito a humidade. A humidade no circuito frigorífico origina substâncias ácidas, que corroem os seus elementos, deixando-os inoperacionais, e levando a reparações de custos elevados.
Já pensou em mandar fazer um check up ao ar condicionado do seu carro?